segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ser e Aparência VIII

Para abdicar de ser MENOS, é necessário abdicar de ser MAIS. Uma coisa não pode acontecer sem a outra. É preciso abdicar do MAIS DO MAIS, isto é, da arrogância e da vaidade, e também abdicar do MAIS DO MENOS, isto é, da rebeldia orgulhosa.
Basta ser exatamente o que se é, sem MAIS nem MENOS.
Na verdade, deixando a vida seguir seu curso, sem tentar determinar o dia de amanhã, cada novo dia será uma nova descoberta e uma nova vida. E a cada dia você será, agora sim, um pouquinho "mais", porque evoluiu alguma coisa, e não importa o quanto, não importa se melhorou um pouquinho ou um montão, basta ter evoluído. Ou então não, porque também ninguém é obrigado a evoluir. Mas a evolução é quase inevitável. Mesmo que se pareça andar prá trás, também se evolui, porque a evolução não é uma reta ascendente, mas uma espiral cheia de altos e baixos. A gente está sempre dando dois passos prá trás pra pegar impulso e poder novamente saltar à frente... Não é à toa que Nietzche dizia que "se uma árvore quiser que seus mais altos ramos toquem o céu, suas raízes terão que tocar as profundezas da terra". Evolui-se mesmo quando se involui...
Para compreender isso basta observar a natureza. Mesmo quando um incêndio destrói uma floresta, há evolução, porque as espécies vegetais e animais são obrigadas a se reciclar, e renascerão mais fortes, e um ecossistema ainda mais perfeito vai se instalar no lugar daquele que foi consumido pelas chamas. Mesmo quando uma estrela explode, há evolução, porque serão gerados vários planetas passíveis de vida, e de novas formas de vida.
Sou só o que sou e respiro aliviado de qualquer pressão.
Sou só o que sou e não preciso me esforçar para ser mais nada.
Não preciso fingir ser coisa alguma.
Não preciso me preocupar em ser outra coisa.
E também não preciso me preocupar em não ser.
Não preciso nem mesmo querer.
NÃO PRECISO NEM MESMO QUERER!!!
Sou só o que sou agora, e sou tudo isso: sou eu mesmo, único e intransferível. Incomparável e inexplicável. Insuperável e insubstituível.
Para viver a vida... basta existir.
Não é preciso resistir a nada...
Você vai provar a vida, mas não é preciso provar nada...
Você vai ser, aliás, você já é!
E ser é só isso: ser. Não ser "isso" ou "aquilo", mas apenas ser.
Porque, apenas sendo, você será você, único e incomparável, exclusivo e insubstituível.
Em todo lugar a que vou, eu vejo e entendo as coisas do ser humano. Suas belezas, suas qualidades belas, seus potenciais de expansão, de expressão do ser único, sua individualidade se expandindo de maneira alegre e agradável. Vejo todas as suas diferenças, suas vicissitudes, seu lado explosivo, raivoso e selvagem, agredindo com garras de olhos sanguíneos, sempre que há qualquer competitividade, e tudo o mais...
Em todo lugar a que vou, seja aonde for, vejo o amor, especialmente quando estou entre amigos, entre gente bonita e razoavelmente realizada. O amor existe e é bonito, é só você prestar um pouquinho de atenção. O amor nada mais é que a identificação.
Assim, voltamos ao princípio de tudo isso que escrevi: o problema está na comparação. Comparação diz certo ou errado, melhor ou pior.
O amor é identificação. Identificação não diz nada...
O amor não tem palavras...

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